Para além de um repositório!

Sobre Fiocruz Mata Atlântica

Criado em 01/01/2003

Rio de Janeiro - RJ - BR

O Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA), subunidade orçamentária da Presidência da Fundação, foi implantado em 2003, na área da Colônia Juliano Moreira (CJM), em Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, onde a Fundação já desenvolvia, desde o fim dos anos 1990, pesquisas voltadas à produção de fitoterápicos. O local tem uma área de aproximadamente 500 hectares (equivalente a 5 milhões de metros quadrados).

Por ser um Campus diferenciado em suas características geográficas – situado na fronteira entre a área urbana e a floresta remanescente da Mata Atlântica - o Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica (PDCFMA) realiza projetos e ações que contam com a participação da população para contribuir com o desenvolvimento da região de forma saudável e sustentável.

Ao articular e integrar saúde urbana e ambiental, a equipe multidisciplinar do PDCFMA coloca em prática o direito à saúde e à cidade em diálogo com a sociedade e com os movimentos sociais locais.

O Programa de Desenvolvimento Campus Fiocruz Mata Atlântica contribui com a missão da Fiocruz ao integrar saberes e práticas, aproximar ensino, pesquisa, serviço e gestão pública no fortalecimento da promoção da saúde e do SUS.

Evolução histórica

Até o século 19, a planície de Jacarepaguá era basicamente ocupada por engenhos de cana-de-açúcar. Entre as propriedades, destacava-se a Fazenda do Engenho Novo, onde foi erguido, no século 18, um grande e emblemático aqueduto de alvenaria sobre pilares de pedra, destinado a mover a roda d’água na moagem de cana e ao abastecimento local.

Em 1912, o governo federal desapropriou a Fazenda do Engenho para construir a Colônia Juliano Moreira. Entretanto, alguns de seus monumentos exemplares foram preservados. Entre eles, o aqueduto, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além da Casa Grande e a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, tombadas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

Em 1924, a CJM era inaugurada como macro-hospital público federal para doentes mentais crônicos. O hospital-colônia representava uma alternativa do governo para tratamento e custódia dos pacientes, em substituição aos hospícios do século 19. Ao mesmo tempo em que os mantinha distantes dos centros urbanos, onde eram rejeitados, o novo modelo abria espaço para o trabalho agrícola, seu principal instrumento terapêutico.

Em 1987, o Movimento pela Reforma Psiquiátrica propôs humanizar os hospitais e acabar com a internação dos pacientes mentais. Seu lema era “Por uma sociedade sem manicômios”. No ano seguinte, com a constituição do Sistema Único de Saúde (SUS), começou o processo de municipalização da Colônia.

No início da década de 1990, no apogeu do Movimento Antimanicomial no Brasil, surgiu a proposta de desmembramento da área territorial da CJM. Em 1995, estudos buscaram integrá-la à malha urbana do Rio, culminando com sua divisão, no ano 2000, em seis grandes setores. A União ofereceu o Setor 1 à Fiocruz, para implantação do CFMA.

Geografia social

Com uma área de 5 milhões de m² – equivalente a 500 estádios do Maracanã –, o CFMA fica no Maciço da Pedra Branca, parcialmente sobreposto ao parque estadual de mesmo nome. A área nativa preservada ou em processo de recuperação equivale a mais de 80% do campus.

Seu entorno apresenta forte degradação, resultante de uma ocupação urbana densa e desordenada, que impacta a saúde da população, a fauna e a flora regionais.

Exceto a área de conservação da Mata Atlântica – sob os cuidados dos governos federal e estadual – e das unidades escolares e hospitalares, toda a extensão da antiga Colônia é hoje ocupada por comunidades.

Em função disso, o território foi contemplado pelo Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal, constituindo o PAC-Colônia, que conta com a participação do CFMA em seu comitê gestor.

O programa objetiva a requalificação urbana, criando um novo bairro na cidade, dotado com as estruturas de água, esgoto, iluminação pública, pavimentação, drenagem, além de novos equipamentos sociais (creches, escolas, contando com diversas equipes de Estratégia da Saúde da Família, entre outros), melhorias dos acessos e dos transportes urbanos. Os investimentos visam ainda regularizar a moradia de cerca de 8 mil famílias.

Os desafios socioambientais podem ser dimensionados pelas características da CJM, que apresenta também:

Um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano e Social de Jacarepaguá;

Em contrapartida, a região apresenta o maior crescimento imobiliário da cidade, com forte migração populacional em busca de trabalho e moradia;

Baixa cobertura de serviços de saúde no nível de atenção básica;

Alto índice de evasão escolar e ingresso precoce no mercado de trabalho;

Grande incidência de doenças negligenciadas e zoonoses;

Intensa interação entre animais silvestres e domésticos;

Grande índice de questões fundiárias pendentes;

Baixa governança da população sobre o território.

Acesse o site oficial: https://portal.fiocruz.br/campus-fiocruz-mata-atlantica